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Que haja espaço em vossa proximidade !
(Kahlil Gibram)
A proximidade e a intimidade são tópicos importantes nos relacionamentos amorosos, mas o distanciamento – um espaço para respirar – também faz parte da qualidade e da veracidade dessas tão desejadas proximidade e intimidade.
Não surpreendentemente, muitos casais veem-se em conflito tentando encontrar a dose certa entre o tempo no qual sejam capazes de sentirem-se próximos e íntimos e o tempo em que escolhem estar ocasionalmente distanciados, pois escolheram-se, um ao outro, tomando exatamente como base, as visões-de-mundo contrapostas sobre proximidade e intimidade que foram trazidas por cada um deles – mesmo que inconscientemente.
Assim, alguém sente estar sendo “escorraçado(a)” pelo outro e, então, ansiosamente gruda-se a este. Em contrapartida, o outro(a) sentir-se-á invadido – e, reativamente se retira física, mental ou emocionalmente da relação existente entre eles!
Fica fácil perceber que cada um dos parceiros desenvolveu um mecanismo oposto para lidar com os sentimentos de rejeição e/ou de abandono que provavelmente trouxeram de reminiscências traumáticas sentidas e registradas numa época onde provavelmente ainda eram pequenas e adoráveis criancinhas. Assim cada um destes parceiros passa a estressar o encontro e a competir com seu parceiro, na tentativa de chegarem a algum ponto intermediário onde lhes seja possível sentirem-se emocionalmente mais seguros e estáveis.
Portanto, da mesma maneira que os parceiros necessitam estar comprometidos como o relacionamento amoroso existente entre eles, na verdade, eles também necessitam de alguma privacidade – de algum tempo para dispenderem com amigos, para curtirem interesses pessoais, etc.
Cada um dos parceiros tem direito ao seu próprio espaço pessoal – à sua privacidade de pensamentos e de sentimentos; a seus interesses pessoais; aos seus espaços físicos específicos no ambiente onde se desenrola seu relacionamento, etc.
Logo, os casais precisam definir fronteiras que sejam maleáveis: nem tão rígidas, nem tão soltas; que nem excluam o outro, sequer, deem permissão a invasões disfarçadas. Os parceiros precisam entender que para comporem um relacionamento amoroso onde necessariamente existam compromisso e segurança, ocasionais distanciamentos serão tão importantes existir quanto a proximidade e a intimidade que tanto almejam ter.
Exercício:
Dialogue com o seu parceiro(a) sobre como se manifesta a privacidade no relacionamento existente entre vocês.
- Vocês sentem ter tempo suficiente a sós? Algum de vocês – ou ambos – costumam invadir espaços e/ou lugares pessoais, p.ex: suas mesas de trabalho; a correspondência privada de cada um; as ligações telefônicas que chegam; os registros deixados em aparelhos celulares, etc?
- Vocês permitem que cada um de vocês tenha privacidade de pensamentos e sentimentos?
- Encorajam cada um a perseguir seus interesses pessoais, sustentando o ocasional distanciamento que isso traria?
Permitam-se à livre expressão de seus medos ou, até mesmo, de suas irritações acerca deste assunto e façam bons acordos onde lhes seja possível oferecerem algo específico que honre o desejo diferenciado de cada um de vocês por dispor de tempo e espaço distanciado e privativo.
Meditação:
Eu acesso a coragem interna que é necessária para estar nesse relacionamento amoroso e continuar sendo verdadeiro para comigo mesmo.
Eu honro a necessidade de tanto eu quanto meu parceiro(a) termos tempo e distanciamento privados.
E, como fazendo uma prece, eu sorrio ao sustentar o pensamento:
Ao mutuamente criarmos o equilíbrio apropriado entre a nossa desejada proximidade e o distanciamento que ocasionalmente é necessário haver entre nós, nos tornamos cada vez mais vinculados como dois parceiros verdadeiramente amorosos.